domingo, 1 de setembro de 2013

QUANDO O AZUL É A COR DO SILÊNCIO





Sabia de cor as horas em que o silêncio ocupava a praia. Conhecia-lhe os lugares, as formas e as cores.

Preferia as primeiras horas da manhã para chegar mais perto dos silêncios da praia…

Hoje o azul era a cor do silêncio.

Pensando melhor…

Ao azul vinha juntar-se o verde, o castanho, o vermelho de todas as algas. O branco rendado das ondas, as cores da brisa que solfeja o mar, as pedrinhas e conchas multicolores que a maré vai polindo e o cinza das rochas nevadas de gaivotas.

Gaivotas…

A esta hora eram aos milhares na praia. Sem querer, lembrou o que Ana lhe contara acerca destas. Ana tinha uma teoria maravilhosa sobre as gaivotas. Segundo ela, ao crepúsculo todas mergulhavam no mar transformando-se em pássaros de água transparente que só os olhos dos peixes conseguem ver. Já pela manhã emergiam das águas para povoar os céus e os sonhos de quem sabe o que fazer com o infinito. Ela acreditava piamente na teoria de Ana. Principalmente quando desaprendia de voar!

Na sua praia não havia silêncios difíceis de descobrir. Tudo era líquido, risonho, fácil de alcançar e AZUL!

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