quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O CHAPÉU DA BRUXA SEM CHAPÉU





Esta história começa no dia das Bruxas.

Um dia muito importante, para quem é Bruxa ou lhe quer vestir a pele por um dia!

Pois nesse dia, todas as Bruxas e Bruxinhas tiram do armário o seu melhor fato para se juntarem às Bruxas de todo o mundo e arredores.

E foi o que fez a Bruxinha Rita. Tirou do armário a roupa de festa que tinha comprado no ano anterior e não cabia em si de contente, não tardaria e iria juntar-se às Bruxas e Bruxos seus amigos para a grande festa na escola.
Só que a alegria da Bruxinha durou pouco. O fato de festa ficava-lhe pequeno, mas paciência…

A saia estava um pouco curta e as mangas também, mas não tinha grande importância.

O pior de tudo era o chapéu! Por mais que tentasse a Bruxinha não conseguia que lhe entrasse na cabeça.

Parece uma coisa sem importância, mas para uma Bruxa usar chapéu faz toda a diferença!

A vassoura é importante, ter um gato também, mas uma Bruxa que se preze anda sempre de chapéu!

O problema é que aquelas horas da manhã as lojas ainda não estavam abertas… E a Bruxinha pensou que o melhor era mesmo não ir à festa! Mas depois de muito pensar, resolveu ir mesmo sem chapéu! Afinal só há festa um dia no ano e ela não deixaria de ir, mesmo sem chapéu!

A Bruxinha tinha esperança que ninguém reparasse que ia sem chapéu, mas tal não aconteceu!
As Bruxas e Bruxinhas que já estavam na festa, mal a viram começaram logo a dizer que nunca tinham visto uma Bruxa sem chapéu, e a Bruxinha Rita ficou tão triste que teve até vontade de chorar! E foi então que apareceu a Bruxa- Madrinha! Ah, não sabiam que havia?! Vê-se mesmo que não percebem nada de Bruxas e bruxedos!

A Bruxa – Madrinha, pegou em folhas de jornal e fita-cola e fez um chapéu para a Bruxinha Rita!

Escusado será dizer que todas as Bruxas e Bruxos quiseram um chapéu igual! 

A Bruxa-Madrinha ofereceu-se para ajudar a fazer chapéus para todos. E depois de terem pedido desculpa à Bruxinha Rita, por acrescentar mais tristeza à sua. Todos fizeram um chapéu e diz quem esteve na festa que foi a melhor e mais divertida de sempre!




domingo, 28 de outubro de 2012

OUTUBRO LONGE




E outubro ia entrando pelo meu jardim que se tornava numa paleta de cores quentes. A contrastar com o friozinho que pedia xaile nos ombros ao cair da tarde.

A enorme roseira que engalanava a porta principal da casa ficava durante outubro completamente desgrenhada! O vento e as primeiras chuvas encarregavam-se de colocar aos pés desta as pétalas que dantes a perfumavam e lhe enfeitavam as folhas e os ramos.

Outubro não era um mês bom para as rosas.

Agora floriam fulgurosas as dálias. E num pedacinho de canteiro ao pé do lago, uma braçada de malmequeres amarelos fazia brilhar o sol nos dias em que o cinza do céu cobria o jardim.

Também pelo lago dentro entrava outubro. É certo que nele continuavam a nadar sem pressas os peixinhos que outrora me tinham colorido a infância… Mas dos nenúfares só restavam as folhas e não se viam por ali as libelinhas que no verão faziam aparecer no lago o arco-íris.

Despidos iam ficando os plátanos, cujas folhas num outubro longe usara para inventar vestidos de bonecas com corpo de papel que guardava religiosamente em caixinhas no fundo do armário e com as quais desenhava mil histórias.

Outubro vestia ainda de ouriços os enormes castanheiros onde adorava subir para ficar simplesmente a baloiçar as pernas e a olhar o enorme nada que se estendia em meu redor.

Já cá em baixo, admirava os dióspiros cuja doçura dividia com os pássaros e caminhando na relva salpicada de folhas coloridas pensava, como era bom morar num jardim onde outubro se passeia.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

" PARA SE SER FELIZ É PRECISO FAZER DE CONTA "





A meu pedido a Dona Graça fez aparecer na sala uma abóbora.

E já se sabe, fazer aparecer uma abóbora na sala não tem nada de especial… Embora convenhamos que uma abóbora na sala soa um bocadito estranho! A não ser, como aconteceu, que seja uma abóbora na sala de aula!

Assim que a descobriram, os meninos logo quiseram saber de onde teria vindo?!

Não podia ter nascido na sala, disse a Bruna. E na horta da varanda não cresceu nenhuma! Pois toda a gente sabe que as abóboras precisam de terra para se deitar e crescer!

Talvez fosse a Fada Madrinha, aquela que transformou a abóbora numa carruagem para a princesa ir ao baile! Juntou a Mariana.

Propus então aos meninos que juntos tentassem um feitiço…

Fechavam os olhos, diziam as palavras mágicas, mas os feitiços não pegavam!

- Acho que é porque não temos pó de fada. Dizia a Marta.

- Os feitiços são muito difíceis! Era o Afonso que falava.

Foi então depois de acesa discussão, que tentamos um feitiço a várias mãos e muito, muito doce!

E eis como a abóbora que apareceu na sala de aula se transformou não, em carruagem, foguetão, elefante, tigre, baloiço… e tantos outros feitiços de faz de conta sugeridos pelos meninos, mas num doce feitiço, cujo segredo foi para casa dentro de um frasquinho.




terça-feira, 23 de outubro de 2012

" A FADA VERDE "







Era uma fada verde
verde cor de esperança
tinha os cabelos ao vento
que lhe desfizera a trança.

Era uma fada tão doce
de olhinhos cor de avelã
chegava sempre sorrindo
à escola pela manhã.

domingo, 21 de outubro de 2012

SOMBRAS DO OUTONO





Destino

Não te amei sob as árvores.
Nem bebi a tua boca ao pé das fontes.
Respirei-te, na tarde,
quando as sombras do outono
desciam, rápidas, sobre mim.

Luísa Dacosta

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

CANÇÃO DE OUTONO





Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...


Cecília Meireles