domingo, 4 de dezembro de 2011

RITOS QUE ACOMPANHAM AS ESTAÇÕES




O outono da sua infância começava com os cheiros das compotas e da marmelada que as mãos de Ana e da Avó tornavam ainda mais doces!

Nas fruteiras do aparador da sala de jantar estavam os frutos que coloriam de sabor a sobremesa, as uvas de várias qualidades, as suas preferidas eram as, moscatel de Hamburgo de sabor adocicado e intenso e as Ferdinand Lesseps, brancas, sem grainha, com sabor a ananás! Havia ainda os dióspiros e as romãs.

Ao fim da tarde acendia-se a lareira e de quando em vez assavam-se castanhas que deixavam pela casa um cheiro quente de outono!

Não tardaria a chegar o dia da matança do porco. Ela sempre detestara esse dia, não percebia porque tinham de matar de forma tão bárbara o pobre animal. Nunca conseguira assistir a tal barbárie, tinha tanta pena do animal, até chorava o que irritava o Senhor João o caseiro, dizia ele que o seu carpir lhe atrasava a morte, ela desejaria que a evitasse, mas perante o facto consumado prometia não comer nada saído do porco.

Mas o que mais a fascinava no outono eram as cores. Os laranjas e vermelhos que vestiam as folhas das videiras e das árvores do jardim. Eram um regalo para a vista, pelo menos para a sua. Ela nunca se cansava de ficar horas a olhar as encostas do rio, do seu Douro, e pensar em com se sentia privilegiada por poder testemunhar tanta cor e beleza, era com se as cores das folhas lhe pintassem a alma e a aquecessem por dentro!

E nisto tudo pensou vagueando hoje pela cidade quando olhou as cores doutras árvores que não as do jardim da sua infância!







Sem comentários: