quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Adormecer de lágrimas e luar...



Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!


Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!


Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...

Quem tivesse um amor, sem dúvida e sem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! quem tivesse... (Mas, quem teve? quem teria?)

Cecília Meireles

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