quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

VOTOS DE BOM ANO e o FUTURO



Queria desejar a todos os Amigos e Leitores do meu blogue um novo ano repleto de sucessos e de frutos sumarentos de vida. E que melhor desejo do que colocar aqui um lindíssimo texto de um Enorme Livro, de um Grande livro do José Fanha, "Diário Inventado de Um Menino Já Crescido"!? O texto é adequado à época (será?), ao eterno recomeçar, ao desejo de... É de ler e futurar por mais!
(A gravura de introdução é desse fabuloso site que é o Vladstudio)


O futuro vai chegar um dia destes

"Naquela noite o futuro ia começar. Há que tempos que eu andava à espera dele.Toda a gente dizia que não falhava. O futuro ia chegar sem falta no dia l de Janeiro, ao bater da meia-noite.

Parece que o futuro chega sempre à meia-noite. São manias. Era melhor que fosse de dia. Pelo menos cá para mim era melhor que fosse aí por volta das 11 horas da manhã. Ou mesmo à hora do lanche. Mas tinha de ser de noite. Por isso, paciência... De dia ou de noite, o que interessava é que o futuro chegasse.

Era de noite, portanto. Lá em casa, juntámo-nos todos na sala com garrafas de champanhe e bolo-rei epassas. Toda a gente se ria muito. Eu andava a depenicar frutas cristalizadas e pinhões, até que me mandaram sentar e portar-me bem. E eu portei-me tão bem que adormeci.

Quando acordei, já passava da meia-noite. Bolas! Era mesmo azar. O futuro tinha chegado e eu estava a dormir. Grande parvalhão! Corri à janela para ver como é que era. Olhei para um lado, olhei para o outro e não vi nada. Quer dizer... Não vi nada que se parecesse com o futuro. As casas estavam iguais, a rua estava igual, as pessoas estavam iguais.

Afinal o futuro não tinha chegado. Ou talvez tivesse começado por chegar a outros sítios e ainda demorasse um tempo até chegar à minha rua. Ou então era um futuro tão pequenino que não se via cá de cima da janela de minha casa.

Passados alguns dias, ouvi dizer que o futuro afinal ainda não tinha chegado. Só vinha para o outro ano.

Fiquei um bocadinho triste. Queria muito ver como é que é o futuro. Mas não faz mal. Mais ano menos ano, o futuro há-de chegar. O mundo vai ficar lindo. Cheio de cores e música e perfumes bons. E as pessoas vão desatar a ser boas e simpáticas todas ao mesmo tempo. E ninguém vai precisar de pedir esmola. E toda a gente reparte o pão e os bolos e os bifes e os rebuçados. E desatamos a dançar e a fazer piruetas como trapezistas do circo mais maluco do mundo.

É assim que eu acho que deve ser o futuro. Pode demorar pouco, pode demorar muito a chegar. Não sei. Só sei que não desisto. Tenho a certeza de que um dia o futuro vai chegar. E nesse dia eu vou estar cá para ver."




segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

GUERREIROS...MENINOS

Meninos guerreiros

Há pessoas que são autênticos guerreiros pese as vicissitudes da vida. Conheço algumas…A Catarina, a Marta , a Paula ,o Quim , a Zé…Pessoas que se esquecem de si e se dão inteiramente aos outros, fazendo assim com que o verdadeiro espírito de Natal seja realidade sempre.


Eles, que ajudam a acalentarem sonhos de meninos a quem outros tiraram quase tudo…



Meninos cuja única herança, são os maus tratos e o esquecimento daqueles em quem mais confiavam. Meninos guerreiros, para quem o sonho de encontrar alguém que os mime e ajude a colorir a vida, nunca morre…que sorriem sempre, como a Belinha , a Sara ,o Filipe, o Leo, e tantos que como seda de aprendizagem de afectos, passaram pela minha vida de Educadora e guardo para sempre no meu coração!



Meninos, que me ensinaram que por mais impossíveis que pareçam os sonhos há um dia em que sempre acontecem. Basta sonhá-los com força.


Os meninos Guerreiros feitos Homens nesse poema lindo de Gonzaguinha aqui interpretado por Fagner

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura

Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem perfeitos

É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama

Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz



domingo, 27 de dezembro de 2009

Menino Gaivota


Uma Gaivota chamada ZéZé

Conheci o Zézé quando estive em Terroso Póvoa de Varzim. Chegou ao jardim pela mão da mãe, pela mão é como quem diz, o Zézé sofrera um traumatismo pós-parto que o impossibilitava de andar, articular a linguagem…aparentemente a cadeira de rodas e todas as lesões provocadas pela paralisia cerebral diagnosticada, faziam dele um menino diferente.


Zézé ria, ria…tinha o sorriso mais belo que algum dia vi, e os olhos, os olhos mais luminosos e expressivos que todas as palavras! Adorava dançar, o seu corpo parecia beber a música e os seus olhos transbordavam felizes…gostava de correr atrás dos amigos e a cadeira de rodas nunca se revelou um obstáculo, gostávamos do Zézé pela alegria que nos transmitia, pelo sorriso e pela magia dos seus olhos.


Uma manhã, fomos á cividade de Terroso, um lugar lindo que todos deviam conhecer. Por ser terreno íngreme o Zézé foi levado ao colo; chegados ao cimo, ficamos a olhar a paisagem magnífica e algo de inesperado aconteceu, Zézé saiu dos meus braços e voou!


Talvez o Zézé nunca consiga andar…nem experimentar o som das palavras ,mas quem precisa disso quando se tem um coração de pássaro…
Teresa Queirós


“Mansa gaivota a voar,
Asa mansa, mansa onda
Fugida mansa do mar…”

Anjos de Pijama, Matilde Rosa Araújo



quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

UM NATAL QUE ERA O MEU...


O Natal que era o meu...

Mal começavam as férias, aí íamos nós a caminho da casa dos avós maternos. Eu, minhas irmãs, as primas Francina e Paula e já bem pertinho da noite de Natal, os primos e tios do Porto e Coimbra.


Os preparativos para a festa eram a minha parte preferida. Costumava ir com o avô António à papelaria\livraria,do senhor Gouveia, buscar os livros que o avô tinha encomendado para oferecer. A mim cabia-me a honra especial de escolher as bolas para o pinheiro e, eram todas tão bonitas e brilhantes, que a escolha se revelava tarefa bem difícil.Depois havia que colocá-las no pinheiro com todo o cuidado, pois como eram de casquinha de vidro partiam ao mínimo toque.Todos os netos ajudavam a enfeitar o pinheiro e claro a fazer o presépio.Do ritual do presépio,ir ao musgo era outra das minhas tarefas favoritas,era a altura em que podia mexer na terra e sujar-me sem ouvir um ralhete de minha Mãe.


Com a casa enfeitada, as brincadeiras e gritaria em crescendo o Natal estava cada vez mais perto...Pela casa,sentiam-se agora os cheiros do Natal, cheiros que punham na mesa , a aletria tão do agrado do avô,o leite creme,as rabanadas ,as filhós ,os bolos de figo e noz, os formigos ,os meus preferidos, e tantas iguarias,que faziam as delicias de famila e amigos... Ao jantar comia-se o tradicional bacalhau com todos,só o tio Manel substituia o bacalhau por raia,havia também arroz de polvo e esparregado de penca.


Acabado o jantar ,assistiamos a pequenas peças de teatro que meu avô e meus tios preparavam,era sempre uma enorme risota...Depois a avó Mila acompanhava ao piano,as canções que toda a familia cantava...


De repente... Um barulho enorme vinha da cozinha,imaginem ,o Pai Natal tinha atirado pela chaminé um enorme saco de prendas que demorava algumas horas a distribuir por toda a familia. No meio de toda aquela excitação,chegava a hora de ir para a cama...Não sem antes pôr o sapatinho na chaminé,o Menino Jesus viria durante a noite para deixar o presente que guardo com mais ternura no meu coração...


A saquinha de pano cheia de fantasias de chocolate.Carros, bonecas,sinos ,flores ...tudo de chocolate,era uma espécie de saquinha mágica,dela, mais do que chocolates , saíam histórias, jogos , canções,mil e uma ternuras...


Ah, como sonho encontrar em cada manhã de Natal a saquinha mágica, dos natais da minha infância.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

LEITURA NO QUOTIDIANO DO JARDIM DE INFÂNCIA



Um livro para ler na sala de jardim de infância,deve ser antes de mais,um bom livro.Mas que livro será esse? O livro mágico que faz todos gostar de ler?


Eu diria que um bom livro, é aquele que pode ler-se das mais variadas formas,e do qual se conseguem fazer histórias intermináveis. O livro tem de fazer parte da rotina da sala de aula,e as crianças têm de lê-lo e relê-lo por vontade própria .


Mas como apresentar os livros ás crianças?


Esta é uma pergunta que me faço muitas vezes, e para a qual vou encontrando algumas respostas. Às vezes basta estar atenta à forma como as crianças pegam no livro, falam com ele...um bom livro é certamente aquele que depois de retirado da estante para dar lugar a outro , as crianças pedem que volte.


Na nossa sala lemos livros invisíveis,lemos livros de trás para a frente,lemos sentados,deitados, ás vezes só lemos o titulo do livro, fazemos a história antes de a ler... outras vezes lemos no jardim , na praia...mas o que todos adoramos é entrar dentro dos livros! Sim, porque para quem não sabe ,entrar dentro de um livro é a melhor forma de ler.


Não sei se vou tranformar estas crianças, em adultos devoradores de livros, o que sei é que na nossa sala lê-se e gosta-se do sabor doce da leitura.